domingo, 1 de novembro de 2009

Discurso de Formatura



Orador da Turma EPM 72

Clóvis Francisco Constantino

21 de dezembro de 1972


Círculo Militar de São Paulo

Rua Abílio Soares, 1589 - Ibirapuera

São Paulo / SP





Sr. Diretor, Prof. Dr. Horácio Kneese de Melo,

Sr. Paraninfo,

Srs. Homenageados,

Srs. Convidados,

Nossos pais.

Colegas:

Como exprimir a palavra de todos vocês

Que, neste dia representativo, tenho certeza,

Estão ávidos por dizer, cada um, algo;

Ávidos, cada um, por exprimir uma opinião,

Seja ela qual for.

Ávidos, cada um, para expressar tudo o que está agora sentindo

E o que sentiu nestes anos todos;

E no fim das contas aqui estou, somente eu

Com a oportunidade da palavra, encargo dificílimo,

Não de dizê-la, mas de fazê-la ser interpretada,

Sentida por quem está de fora deste enorme grupo de colegas.

Aqui estamos nós, hoje, simbolizando a nossa

Graduação em Medicina.

A partir de hoje podemos exercer legalmente a profissão,

Isto é, podemos diagnosticar, decidir,

Influir sobre um paciente, uma pessoa.

Ela nos é cegamente confiante

Porque nós somos os médicos

E somos capazes de entender o que se passa com ela,

Com sua mente ou com seu corpo.

Mesmo que não saibamos de nada sobre seu caso,

Mesmo que confessemos que nada percebemos

Sobre seu problema, ela continua a confiar

Pois não pode recorrer a outrem.

Todos podem perceber que é uma pesada responsabilidade.

Senhores,

A Medicina em seu senso amplo é bela;

Ela resolve os problemas.

Mesmo quando não pode atuar cientificamente,

Organicamente,

Pode conseguir resultados,

Isto se a pessoa que a está representando

Juntar a seu potencial científico

Todo o seu humanismo interior;

É esta a imagem do médico que deve ser mantida:

Um ser humano repleto de ciência sobre o ser humano,

Pronto para atuar sobre outro ser humano.

É isto que deve manter-se,

É nisto que todos os senhores

Nos devem assistir graduando, agora.

Longos foram estes seis anos

Que nos separaram da vida cheia de ilusões

Daquela doce e serena adolescência.

Longos foram estes seis anos

que nos separaram da luta angustiante

Dos vestibulares,

Quando nós, agora aqui reunidos,

Lutávamos uns contra os outros

Na busca de um mesmo objetivo,

Às vezes obcessivamente,

Ser médico.

Nossos pais, então, formavam nosso exército

E seu incentivo, seu apoio, enfim,

Vinham enriquecer nosso arsenal.

Acabamos todos vencendo

E todos nós, presentes neste palco,

Tornamo-nos colegas,

Colegas de uma realidade que, progressivamente

Fomos conhecendo

No decorrer destes seis anos.

E agora,

Apenas os momentos de duração desta comemoração

Que estamos vivendo

Nos separam de nossa vida real;

Vida real essa que,

Para os senhores, nossos pais,

É um orgulho, uma vitória;

Para nós — uma notável descoberta.

Fotografias 2009

Encontro na Casa de Campo de
Luiza e Ewaldo Russo
(que ofereceram uma deliciosa feijoada)
Araçoiaba da Serra

25 de outubro de 2009